Salmo 14:1-7
1Diz o tolo em seu coração: "Deus não existe". Corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não há ninguém que faça o bem.
2O Senhor olha dos céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus.
3Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.
4Será que nenhum dos malfeitores aprende? Eles devoram o meu povo como quem come pão e não clamam pelo Senhor!
5Olhem! Estão tomados de pavor! Pois Deus está presente no meio dos justos.
6Vocês, malfeitores, frustram os planos dos pobres, mas o refúgio deles é o Senhor.
7Ah, se de Sião viesse a salvação para Israel! Quando o Senhor restaurar o seu povo, Jacó exultará! Israel se regozijará!
Qual o ensinamento do Salmo 14?
O poeta sagrado que registrou o Salmo 14 nos brinda com um olhar lúcido e desencantado sobre a condição humana, sem deixar de alimentar a esperança e a fé como bússolas norteadoras. Este salmo, entoado através dos séculos, reflete os murmúrios íntimos da humanidade, reverberando em nossos corações uma mensagem que alia introspecção, denúncia e clamor por justiça.
"Disse o insensato no seu coração: Não há Deus", nos afirma o primeiro versículo, delineando a figura daquele que, em seu descaminho, nega a existência divina, sem compreender que essa negação é, em última análise, uma negação de si mesmo.
Não se trata apenas de uma reflexão teológica, mas uma incursão profunda na psicologia humana: na luta que se trava dentro de nós, entre a fé e o desespero, entre a generosidade e o egoísmo, entre a busca pelo divino e a fuga dele.
Esta passagem bíblica nos convida a contemplar o mundo para além de nossa individualidade. Ressalta que a salvação não é um feito isolado, mas uma empreitada coletiva, envolvendo a comunidade inteira. "Oh, se a salvação de Israel saísse de Sião! Quando o SENHOR fizer voltar os cativos do seu povo, então se regozijará Jacó e se alegrará Israel".
O ensinamento aqui é claro e contundente: a redenção, a alegria e o regozijo só serão completos quando compartilhados, quando toda a comunidade for capaz de se alegrar junta. O texto, nessa medida, não apenas desnuda nossas fragilidades, mas também nos aponta um caminho: a união, a solidariedade, a consciência de que a salvação é um projeto comum, e que nossa felicidade está indissociavelmente ligada à felicidade do próximo.
